“Tornar-se Filho”

Pe. Mundinho, SDN


O primeiro dos Mistérios Luminosos do Santo Rosário, contempla o Batismo de Jesus nas águas do Rio Jordão pelo Batista, o batizador. Na contemplação deste mistério podemos meditar a “filiação divina”. Jesus, o Filho de Deus, é também o filho de Maria. Todos batizados se tornam filhos de Deus!


A filiação divina é o segredo de Jesus durante toda sua vida, segundo o evangelho de Marcos. Este segredo foi mantido, ainda que no dia do batismo, o céu se abiu e foi ouvida a voz do Pai: “Tu és o meu Filho amado” (Mc 1,11). O segredo permaneceu!


A intimidade de Jesus com o Pai chamava a atenção. Bem como suas atitudes e atividades quando encantou multidões. Promoveu muita alegria e satisfação no povo. Entusiasmou muita gente. Empolgou seguidores. Reuniu admiradores e discípulos entre os pescadores, cobradores de impostos e entre as mulheres. Curou enfermos, expulsou demônios. Recebeu vários elogios, foi reconhecido de modo simpático entre os pobres, pecadores e pagãos.


No entanto, desagradou outros sendo classificado com títulos pejorativos de chefe dos belzebus, de comilão e beberrão. Provocou escândalos, deixou furiosos os religiosos de seu tempo (fariseus e saduceus, sobretudo). Eles o criticavam e por vezes tramaram sua morte.


Jesus é reconhecido Filho de Deus somente no final de sua vida terrena, no momento de sua morte na cruz, teve o segredo desvendado.  Nas últimas palavras, no grito saído do coração amargurado, foi quando o oficial romano expressou: “Este era verdadeiramente o Filho de Deus” (Mc 15,39).


Por que foi assim? Por que o Pai agiu desta forma? Em sua pedagogia o Pai permitiu todo sofrimento do Filho. Silenciou! O Jesus obediente não olvidou nem duvidou. A fidelidade foi marcante! Por isso o Pai o glorificou!


A filiação divina – o ser Filho de Deus, é tudo! É a revelação dos desígnios divinos. É a revelação da vontade do Pai.


O despojamento foi a identidade de um Jesus humano que não se agarrou, nem se refugiou na divindade. Não se escondeu no poder divino, mas se fez servo. Filho para servir: ceder lugar para o outro, despojar-se de todo poder – kenosis.